sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Making of, o quarto e gente bacana

Após duas semanas sem texto, as notícias chegam por atacado.

A começar pela equipe, que viu Victor Brasileiro migrar para o som direto, e que ganhou dois nomes. O Still tem olhos e mãos de Ana Sales, enquanto o posto de Maquinista é de Leo Carillo, irmão de nossa produtora, Camila Bahia, em brodagem no sentido literal da palavra.

Na véspera de fecharmos os novos reforços, rolou um papo bem produtivo com Jean Paul na Ícone. Voltei a rever equipamentos e, mais importante, a trocar uma ideia com alguém que, além de um ex-chefe e um cara bacana, tem algumas horas a mais de experiência.


Ainda sobre a pré-produção do filme, ontem fui com Flávio Rebouças (Fotografia) a locações de duas cenas, que filmaremos próximas ao centro de Ilhéus, e visitamos três opções de quarto, ficando com a última. As quatro cenas que se passam na casa de Igor, nosso protagonista, serão feitas na casa de Nina Maria, essa simpatia que nos cede o espaço.

Assim que Flávio subir os vídeos, incluindo aí momentos que passariam por making of de ensaio, prometo compartilhar imagens por aqui.

Palace
Depois de vários nãos, e um número ainda maior de faltas de retorno, tivemos um sim.

Com agradecimento especial a Pablo Nascimento, o novo amigo de Lara é o Itabuna Palace Hotel. Ambos são gente fina de longa data e, logicamente, já estão na página dos Parceiros.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O último tratamento

Em Do Goleiro ao Ponta-esquerda, por ser um documentário e um TCC, a formatação do roteiro foi diferente. Já Nunca Mais Vou Filmar, onde o bairro era personagem e influenciava ações e reações dos personagens, teve um bocado de mudanças depois que fomos para o ensaio in loco. Mas Lara, com algumas visitas a locações e a pouco menos de um mês para filmagens, tem agora um último tratamento do roteiro, oficializado no sábado, o simpático 10/11/12.

Em tese, é ótimo finalizá-lo com essa antecedência, especialmente para a equipe. Assim, todo mundo tem mais tempo para trabalhar, o que é essencial para um time em que todos acumulam funções na vida real.

O mais difícil pra mim é não voltar ao roteiro, já que isso significaria, provavelmente, querer modificá-lo. Mas uma hora é necessário separar o perfeccionismo do preciosismo.

Imagino que manter uma distância de uns dias vá fazer bem. Vou retornar a roteiro técnico não como alguém que o visita todo dia, e sim como alguém que sente saudades. Com uma visão menos influenciada pela imersão no processo e mais influenciado pelas ideias do grupo.

De qualquer forma, permanecem as conversas com todos os setores (direção, elenco, produção, som, arte, fotografia) e segue a busca por parceiros. A diferença é que a base evoluiu para um roteiro definitivo.

Ps: Na foto, rabiscava o texto da apresentação, que foi impresso. Admiro quem consegue escrever roteiros à mão.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Planos, assassinato e novos amigos

Com uma experiência bem maior, Tiago Cavalcanti tentou me alertar a respeito de Nunca Mais Vou Filmar, quando estávamos próximo das filmagens. “Você vai precisar regravar cenas, você vai precisar regravar áudio. Você vai precisar mudar tudo que está definido hoje. Na prática, é assim que os filmes funcionam”.

Embora processo de NMVF tenha fluído bem, e embora desvirtue a fala original do Master (como o chamo), bem mais polida, não esqueci a ideia.

Na manhã de segunda-feira, após assunto rondar minha mente desde o final de outubro, conversei com três pessoas, todas ligadas direta ou indiretamente ao filme. Todas defendiam opinião diferente do programado, todas defendiam a mudança de data para filmagens. Veio a reunião, a mudança foi proposta e aceita.

Existe a angústia que se prolongará nas próximas semanas, mas é bem menor que o alívio somado e sentido pela maioria da equipe. A ansiedade já foi avisada de que existe algo mais importante que ela, que é a saúde do filme. E ele passa bem.

Fazendo contas
Pelo pouco que as sinopses informam dá para perceber que não gosto de dizer detalhes da história, mas como é possível que alguém tenha feito as contas ou olhado elenco, explico.

Hoje o filme tem só sete personagens porque um deles foi assassinado. Roberto Pazos continua sendo o nome ideal para Raul, mas Raul se não se mostrou essencial para o filme. A cena poderia ficar bonita, mas pareceu gorda. 16 planos foram resumidos em um.

Novos amigos
Horas antes da reunião, Lara ganhou novos amigos. A Susy Roosli e sua Órbita Expedições, localizada a poucas ruas de duas de nossas locações, um muito obrigado. A você que está em dúvida, vale uma olhada.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Quem faz o filho?

Serei eternamente grato a alguns diretores, por causa de filmes que dirigiram ou por escritos que deixaram, quando não os dois casos. Mas indo para o terceiro curta, o que equivale no máximo a um engatinhar no cinema, é inevitável perceber que algumas coisas mudaram quando o gostar de filmes ganhou a companhia do dirigi-los.

Em Nunca Mais Vou Filmar, por exemplo, acho a música tão fantástica que brincava, a respeito da chamada de cartaz: “Nunca Mais Vou Filmar, uma trilha sonora de Thiago Ferreira”. Dois dos planos mais bonitos do filme, e que ainda salvaram a montagem e o ritmo, foram idealizados por David Campbell, no meio das gravações. A última sequência de caminhada, responsável por uma dor de cabeça de três meses, só foi resolvida por Roberto Pazos. Lucas Lacerda e Bruna Scavuzzi estão melhores do que Téo e Sara eram no papel, e têm uma sintonia que dificilmente conseguiria com outros dois atores, mesmo que igualmente talentosos.

Assim, me constrangeria de ver o filme ao lado de algum deles (e de restante da equipe que não cito para não alongar demais o texto) e, na hora dos créditos finais, ver projetado “um filme de Leandro Afonso”. “História e direção de” me soou mais justo na época, e me soa ideal agora, no processo que envolve Lara.

Há uns três meses, com o jeito despretensioso e seco que tem, um amigo foi certeiro.
- E agora não são mais só dois personagens – eu disse.
- São quantos? Quatro?
- Não. Onze.
- Porra! É um épico?

Hoje, são sete personagens.

Em conversa no final de semana passado, Roberto Cotta não aliviou. “Eu sei o que você quer e pra onde você quer ir. Eu tô é te tirando de sua zona de conforto”. Percebi o que não tinha percebido, roteiros técnico e literário foram simplificados, graças também a esse desconforto.

Isso sem citar o tanto que Camila Bahia ajudou ao trazer quase todo o time que temos hoje, e sem falar de Arthur Freitas, que lá atrás sugeriu a adaptação de conto. Embora pouco ou nada dele ainda resista, serviu para desviar atenção do roteiro a que me dedicava na época para uma ideia que, hoje, se mostra melhor.

Graças a eles e a outros (entre os mais recentes, Ícone, Uesc, Comunika Press, Marta Bahia, Erika Cotrim e Edmilson Afonso), Lara vai existir.

Para isso, não me sinto como o pai de um filho sem mãe e sem amigos, sem influência do ambiente e sem mapa astral, que é como às vezes acreditamos que são os filmes e os diretores. Mas me vejo como o pai de um filho cheio de amigos que podem fazer por ele o que, muitas vezes, eu não poderia. Se for pelo bem do menino, o pai não recusa.